10 comandos Linux que você não deveria mais usar (e por quê)

10 comandos Linux que você não deveria mais usar (e por quê)

Existe um fenômeno silencioso no Linux que muita gente que usa há muito tempo não acompanha com atenção: comandos clássicos que continuam funcionando porque estão ali por compatibilidade histórica, mas que, na prática, já morreram, ou estão tecnicamente marcados para morte.

E um dos motivos pelos quais isso se torna perigoso é simples: quem usa Linux há mais de 10 anos aprendeu muita coisa em materiais antigos. Scripts antigos carregam esses comandos. Tutoriais antigos ainda circulam, principalmente em PDF, StackOverflow, grupos, fóruns.

Mas o Linux nunca foi estático. O ecossistema evolui e muitos comandos foram substituídos por ferramentas mais seguras, mais eficientes, mais modernas e mais consistentes entre si. Este artigo é para você revisar sua memória muscular antes dela virar uma dívida técnica.

scp — o mais conhecido dos “ainda funciona, mas acabou”

O scp marcou uma geração inteira porque ele copia arquivos remotos usando exatamente a sintaxe do cp. Mas a base do protocolo SCP é antiga, vulnerável, e o próprio OpenSSH já sinalizou sua morte há anos.

Distribuições como Red Hat e Fedora já possuem implementações renovadas que usam SFTP por baixo. Mas plataformas como Debian, Arch, Ubuntu ainda não eliminaram ele porque há muito script legado.

O movimento correto daqui pra frente é utilizar o rsync para cópias mais robustas e o sftp quando quiser manter a simplicidade com menos riscos. Se você está escrevendo scripts novos, pare de usar scp, até porque sua distro pode abandoná-lo em breve.

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egrep e fgrep são flags do grep

Por muito tempo, diversas pessoas consideraram o egrep e o fgrep como se fossem comandos verdadeiramente distintos. Tecnicamente nunca foram. Só eram wrappers convenientes.

Hoje o kernel e os principais pacotes já tratam isso como obsoleto. Use grep -E (expressões estendidas) e grep -F (string literal) como alternativas.

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O netstat  morreu com o net-tools

O netstat é outro clássico presente em materiais pré-2010.

Ele foi aposentado junto com o pacote net-tools.

O comando moderno, consistente, robusto, seguro e ainda mantido é o ss. Quem aprende Linux hoje, deveria conhecer o netstat, no máximo, como algo histórico.

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ifconfig, o apego dos sysadmins antigos

A dor de abandonar ifconfig é real, mas ele precisa ser abandonado, pois morreu junto com o net-tools também.

O substituto universal, modular, mais coerente com o Linux moderno é:

ip addr ip link ip -s link ip a

Guarde em sua mente: IP é o novo tudo em rede. E isso se conecta ao próximo item.

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arp, route, iptunnel, nameif — todos substituídos por variantes do ip

Esses comandos não foram apenas descontinuados, eles não existem mais em várias distros.

  • arp virou ip n
  • route virou ip route
  • iptunnel virou ip tunnel
  • nameif virou ip link

A mentalidade deve mudar, a gestão de redes no Linux moderno é baseada no comando ip + subcomandos. Essa uniformização é o que deveria ter existido desde sempre.

iwconfig — ainda existe em alguns lugares, mas está desaparecendo

O equivalente de ifconfig para redes wireless passou pelo mesmo caminho. O Ubuntu 22.04 e seus derivados estão entre os poucos sistemas modernos que ainda tem o iwconfig.

O substituto é simplesmente o iw, que tem a mesma filosofia modular e coerente que o ip trouxe para os comandos de rede.

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iptables — o gigante que está sendo substituído pelo próprio criador

O projeto netfilter criou o nftables como sucessor. Não é uma substituição ideológica, mas o time original dizendo que o “iptables virou um monstro”. Isso porque para cada família (ipv4, ipv6, bridge, arp) havia binários separados. O futuro agora é o nftables.

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Outros exemplos que também já estão em obsolescência real:

  • tracepath substitui traceroute em várias distros;
  • killall5 está sendo removido lentamente porque systemd já cuida desses casos;
  • service está sendo abandonado em favor de systemctl.

Não basta saber Linux, é preciso saber o Linux de hoje. Muitos desses comandos ainda funcionam em certas distros, mas continuar usando eles cria três problemas reais:

  • Scripts quebram em distros modernas;
  • Você cria dependências legadas que não precisam existir;
  • Você perde recursos mais seguros, mais eficientes e mais velozes que já existem.

A cada atualização do sistema isso vai ficar mais evidente. A recomendação não é apagar sua memória, mas atualizar seu repertório enquanto dá tempo.

Aproveite que está aqui e conheça 4 comandos “proibidos” para você nunca rodar no seu PC!