A IBM anunciou que deixará de oferecer o serviço VMware on IBM Cloud para novos clientes a partir de 31 de outubro de 2025, uma decisão diretamente ligada às mudanças de licenciamento introduzidas pela Broadcom após sua aquisição da VMware. O movimento marca o fim de uma parceria que, por anos, fez parte da estratégia híbrida da IBM e reforça a consolidação de novas dinâmicas no mercado de virtualização e nuvem corporativa.
O fim da comercialização
Segundo comunicado oficial publicado no portal da IBM Cloud, apenas clientes que já tenham pelo menos uma carga de trabalho VMware ativa no ambiente da IBM antes do prazo continuarão podendo utilizar e expandir suas implementações existentes. No entanto, até mesmo esses usuários terão restrições: não poderão contratar novos serviços VMware nem migrar workloads para novas regiões ou pools de recursos, especialmente na oferta VMware Cloud Foundation as a Service (VCFaaS).
A medida foi descrita como um “End of Marketing”, ou seja, o encerramento das vendas e do cadastro de novos clientes, mas não o fim do suporte. As instâncias já em operação permanecerão funcionais, embora limitadas em opções de expansão e integração.
A origem do problema
A decisão foi motivada pelas novas diretrizes do programa VMware Cloud Services Provider (VCSP) da Broadcom. Desde agosto, a empresa determinou que os clientes corporativos de grandes provedores de nuvem (“hyperscalers”) devem adquirir as licenças VMware diretamente da Broadcom, e não mais por meio de seus provedores. Essa alteração substitui o modelo de revenda por um sistema de licenciamento portátil, no qual o cliente compra o direito de uso do VMware Cloud Foundation (VCF) e pode aplicá-lo tanto em data centers locais quanto em provedores parceiros.
Na prática, essa mudança retira dos provedores intermediários, como a IBM, a capacidade de vender e gerenciar licenças VMware para novos usuários. Outros gigantes da nuvem, como AWS, Microsoft, Google e Oracle, mantiveram seus serviços baseados em VMware mesmo após a mudança, adaptando-se ao modelo de licenças portáveis e continuando a atrair novos clientes. A IBM, no entanto, preferiu encerrar as vendas, limitando-se a atender a base existente.
Analistas avaliam que a saída da IBM tem motivações mais amplas do que a simples questão de licenciamento. Embora a empresa continue listada pela VMware como parceira hyperscale, ela não figura entre os principais provedores de infraestrutura como serviço (IaaS) há anos, ficando atrás de Amazon, Microsoft, Google, Alibaba e Huawei.
Além disso, a IBM vem reposicionando sua estratégia de nuvem híbrida com foco no Red Hat OpenShift, plataforma baseada em contêineres que oferece virtualização e orquestração de workloads de maneira semelhante e que, segundo o Gartner, é uma das poucas concorrentes diretas do VMware Cloud Foundation. Ou seja, ao reduzir o foco em VMware, a IBM reforça sua aposta em uma plataforma que controla integralmente, evitando depender das decisões de licenciamento da Broadcom.
Impacto para os clientes
Para as empresas que utilizam o VMware on IBM Cloud, a decisão significa a necessidade de repensar o futuro de suas infraestruturas. Elas podem continuar operando no ambiente atual, mas não poderão expandir para novas regiões ou alterar o modelo de consumo, limitando sua flexibilidade em um cenário corporativo cada vez mais dinâmico.Consultorias de mercado apontam que muitos clientes já vinham avaliando alternativas diante das incertezas trazidas pela aquisição da VMware pela Broadcom. A Gartner, por exemplo, prevê que a empresa perderá até 35% das cargas de trabalho que gerencia atualmente nos próximos três anos, com grande parte migrando para provedores hyperscale.