Meta pode abandonar sua IA open source

Meta pode abandonar sua IA open source

Em uma virada estratégica, a Meta estaria considerando abandonar sua filosofia de código aberto para lançar um novo modelo de IA pago e rigidamente controlado. A mudança, impulsionada por pressões financeiras e pela busca por competitividade contra gigantes como OpenAI e Google, seria o fim de uma era em que a empresa de Mark Zuckerberg foi uma das protagonistas no compartilhamento aberto de tecnologia.

Segundo reportagens da Bloomberg e do The Verge, a empresa estaria reestruturando sua divisão de IA para priorizar ainda mais a lucratividade, aliando ao controle total sobre seus próximos desenvolvimentos. No centro dessa transição estaria o projeto “Avocado”, um novo modelo previsto para estrear em meados de 2026, que nasceria como um produto fechado, em contraste direto com os modelos Llama, de código aberto.

A decisão é motivada por uma convergência de fatores financeiros e operacionais que têm pressionado a empresa:

Desilusão com projetos anteriores

O caminho para o Avocado foi pavimentado pela decepção. Após o lançamento problemático do Llama 4, marcado por alegações de manipulação de benchmarks, Zuckerberg teria descartado pessoalmente um projeto intermediário, o “Behemoth”. A sensação de que a estratégia atual não entregava a vantagem competitiva desejada acelerou a busca por uma nova arquitetura.

Pressão de investidores

Wall Street tem questionado os gastos astronômicos da Meta em IA. Zuckerberg prometeu investir cerca de US$ 600 bilhões em infraestrutura de dados nos próximos anos, a maioria relacionada à IA. O modelo de código aberto, embora popular entre desenvolvedores, dificulta a monetização direta necessária para justificar esse volume de investimento perante acionistas que exigem retorno.

Alinhamento com o mercado

Para competir financeiramente com rivais como a OpenAI (que tem um modelo de negócios baseado em assinaturas como o ChatGPT Plus) e o Google (com o Gemini Advanced), a Meta parece reconhecer a necessidade de um produto premium. Em um memorando interno de julho, o próprio Zuckerberg já sinalizava a necessidade de ser “cuidadoso sobre o que escolhemos abrir em código aberto” para mitigar riscos de segurança, um argumento que agora serve também à lógica comercial.

Os desafios e a nova aposta da Meta

Para viabilizar essa mudança de rumo, Zuckerberg realizou uma reorganização profunda de sua equipe de IA. Ele contratou Alexandr Wang, ex-CEO da Scale AI, após um investimento bilionário em sua empresa, e formou um grupo de elite batizado de “TBD Lab”, com quem passa grande parte de seu tempo. Curiosamente, para treinar o novo modelo fechado Avocado, a equipe estaria utilizando dados extraídos de sistemas concorrentes abertos, como o Gemma (Google), gpt-oss (OpenAI) e Qwen (Alibaba).

O financiamento para essa nova aposta tem um custo interno: a unidade de pesquisa acadêmica (FAIR) sofreu cortes, e verbas foram desviadas da divisão de realidade virtual e metaverso.

Se confirmada, a estratégia representaria uma reviravolta significativa para uma empresa que, nos últimos anos, posicionou o código aberto como “o caminho a seguir” para a IA. O sucesso do Avocado, portanto, não testará apenas a capacidade técnica da Meta, mas também a viabilidade de seu novo posicionamento em um mercado cada vez mais competitivo e caro.

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