VMware intensifica disputa judicial contra a Siemens

VMware intensifica disputa judicial contra a Siemens

A VMware, agora parte da Broadcom, voltou a pressionar a Siemens na disputa judicial que se tornou um dos maiores confrontos envolvendo licenciamento de software corporativo em 2025. Em novos documentos enviados ao Tribunal Distrital de Delaware (EUA), a empresa contesta de forma rígida a defesa da Siemens e tenta manter o caso nos Estados Unidos, classificando as acusações como violação de direitos autorais, em vez de descumprimento contratual, como a Siemens alega.

Esta disputa começou em março desse ano, quando a VMware afirmou que, durante negociações para a renovação de suporte, a Siemens entregou uma lista detalhando os produtos utilizados internamente. Segundo a VMware, essa lista incluía diversos softwares que a Siemens não teria licenciado. A partir dali, as conversas teriam travado: a Siemens insistia em receber suporte para produtos cobertos por licenças perpétuas, algo que a VMware deixou de oferecer, e não teria abordado o suposto uso irregular de componentes adicionais.

Diante do impasse, a VMware decidiu abrir um processo por infração de direitos autorais, acusando a Siemens de uso indevido em larga escala.

A tentativa de levar o caso para a Alemanha

Desde junho, a Siemens tenta transferir o caso para tribunais alemães, argumentando que seus contratos de licenciamento permitem essa mudança e que as acusações se enquadram em disputas contratuais, não em violação de copyright.

A VMware rebateu duramente. Em uma carta enviada ao juiz, seus advogados afirmaram que a Siemens “fundamentalmente deturpa o que levou a este processo” e que “não cabe ao infrator decidir que o caso deve se converter em mera disputa contratual”. A empresa sustenta que o centro do problema não é a interpretação de cláusulas, mas sim o uso não autorizado de software — algo que, segundo a VMware, deve ser tratado como infração de direitos autorais.

A VMware também argumenta que a legislação autoral é territorial e que, portanto, faz sentido iniciar o processo nos EUA, prosseguir em outras jurisdições conforme necessário e impedir que a Siemens desloque o caso para a Europa como forma de contornar o impacto legal.

Este não é o primeiro embate do tipo envolvendo a VMware. A empresa já enfrentou disputas semelhantes com a AT&T e com a varejista britânica Tesco. O caso com a AT&T terminou em acordo rápido, enquanto o processo contra a Tesco segue ativo.

A situação atual com a Siemens, entretanto, já se arrasta há oito meses e não demonstra qualquer movimento rumo à conciliação. A postura litigiosa da Broadcom, que adquiriu a VMware em 2023, parece ter se intensificado desde então.

Mudanças radicais na estratégia da Broadcom

Grande parte da tensão deriva da transformação comercial promovida pela Broadcom. Desde a aquisição, a empresa praticamente encerrou a venda individual de produtos VMware, deixou de oferecer suporte para softwares antigos adquiridos sob licenças perpétuas e posicionou o VMware Cloud Foundation (VCF) como principal produto, com preços significativamente mais altos.

Embora analistas considerem o VCF a suíte de nuvem privada mais completa do mercado, clientes relatam aumentos de custo superiores a 300%. A Broadcom afirma que o pacote se paga ao substituir múltiplos componentes individuais, mas muitos usuários não desejam, nem precisam, de toda a suíte integrada.

A declaração recente do CEO Hock Tan acrescenta pressão ao mercado: ele reconheceu que várias empresas compraram o VCF sem implementá-lo por completo e que a companhia terá “dois anos de trabalho duro” para corrigir isso — justamente o período que antecede o fim do suporte à versão 8.0 dos produtos VMware, marcado para 11 de outubro de 2027.

Esse prazo já virou um “marco de migração” para organizações que consideram reduzir dependência do ecossistema VMware.

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